inconsistência leve

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Afinal, quem está se candidatando à presidência: Lula ou Dilma?

Algo peculiar está acontecendo nessas eleições de 2010. O que todos que têm um mínimo de poder observador  podem constatar é que, na verdade, está havendo uma dúvida em relação a quem é o real candidato à presidencia do Brasil. Dizem por ai que a campanha eleitoral é da Dilma, mas só o que vejo  é ser mostrado o atual presidente Lula, sua história e as realizações de seu governo. Por que não estão mostrando a história de vida da candidata Dilma? Qual a funcionalidade de relembrar a história de vida do atual presidente (que, aliás, todo mundo já está careca de saber) quando a campanha é de outra pessoa?

Ora, a realidade é que nos deparamos com algo não antes visto. Algo inédito na história do Brasil: Não se seguem mais ideologias, elas foram trocadas por uma pessoa - Lula. Se Lula apoiasse o candidato do PCO, ele, com certeza, ganharia. E isso é um estado crítico! É um estado limite no destino do Brasil. Será que ninguém percebe que, como eu mesma já disse, Lula e FHC são "irmãos gêmeos"? A sorte do atual presidente é que o cenário político e econômico externo esteve favorável na grande maioria de seu governo, o que impulsionou as exportações e alavancou o crescimento econômico do país. Antes do atentado às torres gêmeas, nos EUA, em setembro de 2001, a economia dos EUA estava indo de mal a pior(pois a economia desse país é sustentada, em grande parte, pela exportação de armas, que, em tempos de paz, são obsoletas) e, com isso, eles estavam importando menos e, consequentemente, o Brasil exportava menos. Após 2001, o combate ao terrorismo se tornou a máxima dos norte americanos e a exportação armamentícia voltou a crescer. O que aconteceu em 2002? O presidente Lula ganhou as eleições em um período fértil às exportações. O nosso grande comprador estava a todo vapor novamente!

Por que criticar tanto o governo FHC e elevar o governo Lula à condição de inigualável? Se ninguém se lembra, FHC teve que consertar os buracos de Collor e deu origem ao real. Aliás, real esse que o PT votou contra na época. Não estou aqui para elogiar o governo FHC, porque esse também não promoveu uma diminuição das desigualdades sociais no Brasil., mas para mostrar que Lula não é o salvador da pátria. Aliás, quem, no cenário político atual, pode ser denominado como tal? A maioria dos políticos estão atrelados a banqueiros, empresários e seus interesses. A maioria dos políticos não passam de fantoches na mão dos financiadores de campanha. Fazer o que? Essa é a realidade.

Em suma, o fenômeno "lula-mania" está cada vez mais impregnado na sociedade e chega até a ser perigoso quando levamos em consideração que uma pessoa tem o poder de manipular a opinião pública. Será que passar, no mínimo, 12 anos com um mesmo partido no poder é saudável para a democracia brasileira? E será que a candidata Dilma está mesmo preparada e possui a experiência e a diplomacia necessárias para exercer o cargo de presidente do Brasil? Só mesmo esperando para ver o desenrolar dessa novela política.
Ps: Que interessante será essas eleições... Principalmente agora que o Governo censurou comediantes a fazerem caricaturas de políticos.

Um comentário:

Lucas Puppim disse...

A sucessão pessoal na política brasileira não é nada incomum. Há uma tradição nossa de votar em pessoas ou em pessoas escolhidas por nossos coronéis. A eleição de Lula em 2002 deu, a grande parte de nosso povo, a esperança de mudar esse quadro.
Era uma eleição baseada no inconformismo com a política neo-liberal que o precedeu e no desejo de ascenção social das classes mais baixas. Mas o que a população não compreendeu, inclusive essa população que critica a política apenas tendo o foco nas eleições dos cargos do executivo, é que um governo é feito não só no Palácio do Planalto, mas sim, em grande parte, no Congresso Nacional.
O governo petista, que muitos confundem com o governo Lula, fracassou na necessidade de coalisão política no Congresso Nacional. O brasileiro vota em deputados e senadores, bem como pra vereadores, como se essas eleições fossem separadas.
Não há como um governo prosperar quando se tem um legislativo egoísta e narcisista como o nosso. Partidos como o PMDB e o DEM são verdadeiras candidaturas pessoais, sem qualquer ideologia ou projeto de Estado. Sim, porque há diferença entre plano de governo e projeto de Estado. Como um partido que se diz Social-Democrata pode fazer sua coalisão com um partido de frente liberal (PFL, hoje DEM)? São doutrinas politico, econômico e ideolócigas completamente antagônicas. Uma levantou uma Europa arrasada por guerras, a outra levou às crises do capitalismo. E foi o que o Brasil fez. Juntar PSDB e PFL de 1995-2002 levou nosso país à irresponsabilidade dos políticos unidos por favores pessoais. Lula veio numa esperança de mudança, mas o Brasil, sedento por mudanção, o colocou para governar junto com o que há de mais jurássico na nossa política, que são os coronéis. Coronéis esses, aliás, que quase sempre buscam no PMDB a sua chance de agirem como bem entendem, sem seguir qualquer dirigismo partidário. Esse governo Lula, que se dizia mudança, tinha no PMDB aliados como Sarney, ACM, Antony Garotinho, Michel Temer, Renan Calheiros. Como mudar com cabeças tão conservadoras? Foi necessário, para um partido recém chegado ao poder estatal, usar o nosso dinheiro para comprar a consciência viciada de homens como esses e muitos outros.
Hoje o Brasil já enxerga claramente que tem um projeto de Estado. Baseado na Constituição, um país com justiça social, equilíbrio econômico,com prioridade na educação e na segurança pública. Graças ao voto em presidentes como Cardoso e Lula, o Brasil mostra sua vontade de alcançar esses ideais. Mas a gente não pode ficar apenas na vontade. Quando abrirmos mão de eleger esses sangue-sugas no Congresso Nacional, independentemente de Serra, Marina, ou Dilma,de Cardoso ou Lula, porque confio em seus partidos, teremos um país grande.